Nossos Cursos

Em conjunto com pesquisadores parceiros, a Casa Khōra oferece cursos presenciais, mas que também contam com a possibilidade de participação remota, em tempo real e gravada. Os equipamentos utilizados para viabilizar com qualidade a presença dos participantes onlines são: a câmera Webcam Logitech Ultra HD Brio 4k, dois microfones de lapela sem fio do modelo Boya mini-12, um tripé de apoio regulável e projetor Salange Hy300.

Marx e o século XXI – uma introdução ao marxismo e seus desafios contemporâneos


Este curso propõe uma introdução ao marxismo, explorando suas categorias centrais e implicações políticas diante dos desafios contemporâneos. De tal modo, na primeira aula, será apresentada a crítica de Marx às principais formas sociais que constituem a ordem do capital, incluindo como as contradições do mundo do trabalho contemporâneo se apresentam quando vistas sob a perspectiva da periferia do sistema. Na segunda aula, a crítica será aprofundada, destacando a peculiaridade dessas formas sociais modernas a partir do caráter fetichista que elas expressam, bem como suas dimensões subjetivas ideológicas, evidenciando  maneira pela qual se configura também uma lógica social ecologicamente destrutiva. Na terceira aula, será questionado: “Onde estão os coveiros?”, revisitando a célebre formulação de Marx no Manifesto Comunista, que considerava que as contradições da sociedade capitalista gerariam os próprios sujeitos responsáveis pela superação desse modo de vida. Se essa superação ainda não ocorreu de forma definitiva, será necessário, então, compreender seus impasses, tais como as novas dinâmicas das lutas de classes, os conflitos sociais dispersos e as possibilidades com as quais a subjetividade política contemporânea se depara para realizar tal desafio. A efetiva superação dessa sociedade, por sua vez, envolve a organização política daqueles sujeitos considerados “coveiros”. Daí surge, portanto, a necessidade de finalmente encarar os novos desafios de organização política no contexto atual, assim como retomar o significado de refletir sobre a revolução nos dias de hoje. Esse será, pois, o objetivo da quarta e última aula. Com os professores Gabriel Tupinambá e Natan Oliveira.

Dialogando com Paulo Freire: a proposição de uma ética do cuidado


O presente curso tem como objetivo um aprofundamento na leitura da pedagogia do oprimido, de Paulo Freire, para uma investigação ético-política do conceito freireano de diálogo. Com isso, propomos aos participantes a existência de uma ética do diálogo em Freire, de modo que esta possa ser usada como bússola não só nas suas práticas profissionais, mas também na sua vida pessoal a partir de uma perspectiva descolonizante da relação entre sujeitos.

Psicanálise e Política: “O desejo de psicanálise”


Como a prática clínica se entrelaça com a economia política? Em que medida o dinheiro aparece como significante ou como condição material para uma análise? Como a democratização do acesso à universidade pode impactar no fazer psicanalítico? 
No livro do Gabriel Tupinambá, essas questões cotidianas e nem sempre faladas aparecem como inquietações que movimentam questões teóricas fundamentais. Articulando as dimensões matapsicológica, clínica e institucional, são trazidos debates políticos e novas preposições teóricas para  alguns dos impasses do fazer psicanalítico: a falta de democratização da formação, a dimensão do dinheiro na clínica, a lógica do significante e suas implicações na articulação da desse com outros campos, os compromissos ontológicos implícitos na teoria, dentre outros.

Pensando nessas questões, o curso “Psicanálise e Política: O desejo de psicanálise”, será realizado presencialmente na Casa Khōra entre os sábados 22/03, 29/03 e 05/04 às 17h. O valor é de R$ 100 por encontro, totalizando R$ 300. Para informações sobre bolsas entrar em contato com Amanda Alexandroni (11) 97625-8894 ou Laura Ramalho (24) 99303-8520.


A ética do acontecimento:


Em clima de comemoração do centenário do filósofo Gilles Deleuze, a Casa Khōra convida o professor Frederico Lemos para ministrar o curso “A ética do acontecimento em Deleuze”. Sua proposta é oferecer uma introdução à ética deleuziana com foco no problema do acontecimento elaborado no livro _Lógica do Sentido_ (1969).

Para Deleuze, os acontecimentos não cessam de insistir em nossas vidas e de se efetuar dolorosamente em nossos corpos. A questão ética seria, então: como pensar e praticar um modo de vida que esteja à altura do que nos acontece, capaz de _afirmar_ o que nos acontece? Mais precisamente, Deleuze se pergunta: como reinventar a vida a partir de nossas rupturas e feridas, como operar a “contra-efetuação” criativa de um acontecimento? À luz dessa questão e das intercessões forjadas por Deleuze entre a filosofia, a literatura e a psicanálise, o curso abordará as relações entre corpo e linguagem, o paradoxo dos acontecimentos e a ideia de amor fati.

Psicanálise Anfíbia: entre o recalque e a clivagem:

A palavra curso denota, entre outras coisas, um caminho. Nesse sentido, a Casa Khōra e eu, Arthur, gostaríamos de propor a vocês que nos acompanhem em um curso que parte da proposta de pensar a clínica psicanalítica como uma prática anfíbia. Uma clínica que transita entre reinos, tratando clivagem e recalque como territórios diferentes em que as condições e os modos de vida diferem de acordo com as possibilidades singulares de arranjo indivíduo-ambiente. 
Se, por um lado, o recalque é imediatamente identificado como mecanismo fundador do inconsciente, sendo, portanto, fundante da divisão subjetiva, a clivagem, por sua vez, não é tão inequívoca. A spaltung freudiana já não é a mesma clivagem da que nos fala o campo ferencziano. Enquanto o recalque foi alçado por Lacan dos meandros do psiquismo individual para o plano do simbólico, a clivagem na sua acepção pós-freudiana passou a denotar experiências radicais de desconexão que impedem os processos de simbolização.
Será partindo destas pistas que pretendemos explorar, junto àqueles que toparem mergulhar nesse curso conosco, a clínica psicanalítica que emerge no trânsito entre esses dois ambientes. Se as identidades clínicas clássicas já não subsidiam sozinhas a prática clínica, então talvez o que se exija de nós sejam capacidades anfíbias para transitar entre diferentes ambientes psíquicos. Dessa maneira, nossa intenção é explorar como recalque e clivagem podem nos servir como pulmões e nadadeiras para nos arranjarmos com o território da clínica contemporânea, através de uma breve reconstituição teórica do plano de pensabilidade que os sustenta.

Aula 1 – O recalque em Freud
Aula 2 – O recalque além de Freud e a clínica
Aula 3 – A clivagem em Freud 
Aula 4 – A clivagem além de Freud e a clínica

Arthur Franco é psicanalista, psicólogo formado pela UFF, mestre em psicologia clínica pela PUC-Rio com dissertação intitulada “O brincar como devir: da criatividade primária às praticas de liberdade” e doutorando no mesmo programa, atualmente pesquisando o sentimento de estar vivo. Também é membro do GBPSF, do Lapsu-PUC-Rio e do Nepecc-UFRJ.

Imagem: Hokusai – Bird, Frog and Wasp

Psicanálise Anfíbia: entre o recalque e a clivagem:



O curso visa propor uma leitura do conceito de infamiliar (Unheimliche) em Freud para além de seu entendimento como uma das formas do recalcado que retorna, explorando novos desdobramentos. Se a solução de Freud ao final de seu ensaio foi tão medíocre como qualquer solução insatisfatória para um caso misterioso – como diz Mark Fisher – propomos realizar uma chave de leitura do conceito como Cixous nos propõe: como algo sempre à margem de outra coisa. Através da análise da experiência estética e psicanalitica do infamiliar, argumentaremos que ele não se reduz a uma forma de reconhecimento do já sabido e recalcado, mas, sim, como um operador de um ponto de ruptura que evidencia a fragilidade do Eu e do princípio de realidade. Investigaremos como o infamiliar produz um saber que escapa à lógica binária do recalque e seu retorno, desestabilizando as fronteiras entre o dentro e o fora, o conhecido e o estranho. Adicionalmente, ao trazermos para a cena o encontro com o que não pode ser plenamente simbolizado, apresentamos dois conceitos de Mark Fisher que complementam a leitura não feita por Freud, para pensar o infamiliar como operador estético e ontológico – o que abre espaço para uma concepção de experiência que escapa aos processos de homeostase psíquico que atribuem valor à realidade, explorando ao longo do curso as dimensões estéticas, políticas e ontológicas que serão possíveis de serem desdobradas à partir da nossa releitura conceitual.

Programa:
Aula 1 – Uma metapsicologia para o infamiliar
O iluminismo gótico de Freud. O infamiliar como a margem entre duas tópicas. O infamiliar como cancerização entre realidade e ficção. O duplo, o animismo, a negação e além. O infamiliar como um in-conceito.  

Aula 2 – O esquisito e o assombroso
Além do infamiliar: o esquisito e o assombroso. A psicanálise como assombrologia (hauntologie). Ilustrações do esquisito e do assombroso. Seria possível uma ética do infamiliar à partir da sua releitura feita por Mark Fisher¿ 

Aula 3 – O infamiliar entre clínica, política e ontologia
O agenciamento no infamiliar e o trabalho do negativo: o infamiliar como operador clínico. O capitalismo como entidade e o acontecimento como estética: por uma política infamiliar. A assombrologia como ontologia infamiliar. 
Obs.: Não é necessário ter contato prévio com a bibliografia indicada. Todo material será disponibilizado em PDF para xs inscritxs no curso.

Rafael Schettino possui graduação em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis (UCP) e especialização em Sociologia Política pelo IUPERJ/UCAM e é membro associado em formação do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro (CPRJ). Atualmente é mestrando no PPG de Psicologia Clínica da PUC/RJ na linha de pesquisa “Psicanálise:Clínica e Cultura” sob orientação da Profa. Dra. Monah Winograd. É membro do Laboratório de Pesquisas Avançadas em Psicanálise e Subjetividade (LAPSU) da mesma instituição. É editor, revisor e tradutor na 707 Editora.